O sol e a pele


Há décadas nós, dermatologistas, já havíamos percebido os efeitos da radiação solar sobre a pele, alguns bons e outros deletérios.Os efeitos bons ligava-se, sobretudo, à síntese de Vitamina D. Já os efeitos deletérios foram relatados aos montes: envelhecimento precoce, manchas, espessamento, enrugamento, fototoxidade, fotoalergia, formação de lesões pré-malignas e cânceres de pele.

Tudo isso foi ligado à radiação ultravioleta (UV), UVA e UVB. Sabíamos pouco (ou quase nada) quais eram os efeitos das outras radiações solares, ou seja, luz visível e radiação infravermelho (calor) sobre a pele. Porém, nos últimos anos, milhares de trabalhos científicos foram publicados em revistas de alta credibilidade na tentativa de desvendar as ações biológicas dessas radiações sobre a pele e sobre os organismos vivos. 

Para entender melhor a ação destas radiações é preciso fazer uma breve revisão do aspecto físico da radiação solar. A radiação solar, também chamada de espectro solar, é classificada de acordo com o comprimento de onda, e vai do espectro dos raios Gama até as ondas de rádio, sendo a primeira com menor comprimento. Entre as duas existem várias outras ondas, como da radiação ultravioleta (que vai de 100 a 400 nanômetros), luz visível (de 400 a 780) e o infravermelho, percebido por nós como calor (que vai de 780 nanômetro a 1 mm).

As radiações de menor comprimento de onda, são também as mais poderosas em reagir deleteriamente com os organismos vivos, mas que, felizmente, não chegam à superfície da terra. A atmosfera filtra as radiações até o espectro do Ultravioleta (100 a 280nn), chegando à terra as demais. Com a diminuição da camada de ozônio, maior quantidade de ultravioleta tem chegado à superfície terrestre, creditando a isso como um dos fatores do aumento dos cânceres de pele no mundo.

Outro ponto importante para entendermos é como estas radiações interagem com a nossa pele. Os efeitos da radiação são dados por sua interação com as muitas substâncias presentes nas células e nos espaços entre elas. Quando a radiação solar é absorvida por essas substâncias, gera-se subprodutos que podem ser bons ou ruins para o nosso organismo. Um exemplo da boa interação é a síntese de vitamina D e a má a formação dos cânceres. 

Muito se tem divulgado acerca das radiações ultravioletas. Sabemos do bem que promove e do mal que advém da tomada exagerada. Sabemos também que o infravermelho tem efeitos deletérios, contribuindo com UV para alguns cânceres de pele e fotoenvelhecimento, mas também tem sido usado para tratar feridas com resultados bastante promissores.

A luz visível, que corresponde a 40% de toda radiação solar, até poucos anos era pouco estudada em relação a seus efeitos biológicos. Atualmente, alguns trabalhos mostram sua interação com muitas proteínas celulares e extracelulares, contudo sem saber ao certo se essas interações se traduzem em efeitos in vivo.

As fontes de luz visível, como as lâmpadas e telas de computador parecem não ter efeitos nocivos na nossa pele, apesar de ter trabalhos mostrando sua influência negativa em piorar manchas. Já sua ação nos olhos pode ser bastante prejudicial, onde se faz uma recomendação de intervalos de descanso e diminuição da intensidade de brilho aos que passam muito tempo na frente de computadores e smartphones.

A utilização destas telas no momento de dormir pode trazer prejuízo na qualidade do sono por alterar a produção de melatonina, um hormônio secretado no cérebro que controla nosso ritmo de sono.

Por fim faço uma recomendação para não utilizarem laptops diretamente no colo, pois podem desencadear manchas irreversíveis e contribuir para o câncer de pele. 


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