Alopecia areata – por que conhecer um pouco mais?


A alopecia areata (AA) é uma doença autoimune com uma predisposição genética, que tem como alvo os folículos pilosos na fase anágena (fase de crescimento dos cabelos e pelos corporais) e causa alopecia não cicatricial. Geralmente, a Alopecia Areata se manifesta antes dos 40 anos (20% ocorre na infância), sem predileção por sexo ou etnia. O risco de desenvolvimento de AA ao longo da vida é estimado em 2%. Em um inquérito feito pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, a AA foi responsável por 1,2% de todos os atendimentos dermatológicos.

Neste artigo quero chamar atenção de 3 aspectos que considero de extrema importância na condução adequada nos casos de Alopecia areata, a saber: o prognóstico, os aspectos psicossomáticos, o diagnóstico e tratamento precoce.

Prognóstico

AA é uma doença crônica de curso imprevisível. É possível ocorrer remissão espontânea, bem como evoluir para formas não responsivas aos tratamentos.

Cerca de 50% dos pacientes com Alopecia Areata apresentam repilação espontânea nos primeiros seis meses e 70% apresentam repilação no primeiro ano, embora possa recorrer meses ou anos após a remissão.

Apesar desses dados de boa evolução da AA, algumas vezes pode evoluir com perda de cabelo em todo couro cabeludo (AA total), ou até mesmo a perda de todos os pelos do corpo (AA universal).

As formas extensas da doença geralmente não respondem bem ao tratamento. Cerca de 7% dos pacientes evoluem para os subtipos de alopecia total (AT) ou alopecia universal (AU). As taxas de recuperação em longo prazo da AT e AU são menores do que 10%.

Aspectos psicossomáticos

Em decorrência desse início agudo e seu curso imprevisível, a Alopecia Areata tem um grande impacto psicossocial, sendo algumas vezes graves.

O impacto psicológico e social dos cabelos vai além de seu significado biológico. Autoimagem, relacionamento interpessoal, trabalho e atividade escolar podem ser afetados pela AA, mesmo em pacientes com doença localizada.

Diagnósticos psiquiátricos como por exemplo depressão, transtorno de ansiedade, distúrbios de ajuste e paranoicos foram relatados em até 78% dos pacientes. Alopecia Areata é a segunda dermatose mais referendada aos psiquiatras por dermatologistas, superada apenas pela psoríase.

Portanto, esse aspecto deve ser extremamente valorizado no contexto do tratamento destes pacientes.

Diagnóstico e tratamento precoce

Existem fatores que podem também sinalizar um pior prognóstico como localização, idade de início, associação com outras doenças, comprometimento das unhas, tempo de duração, entre outras, em que um diagnóstico e tratamento precoce pode fazer toda diferença na evolução da doença.

Portanto, a avaliação dermatológica adequada no início da doença, é fundamental no processo de controle dessa dermatose.

Dra. Adriana Braz       

CRM: 4242 RQE: 7585

Dermatologista SBD


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