Alopecia androgenética masculina – diagnóstico e tratamento


No artigo anterior abordamos a prevalência e fisiopatogenia da Alopecia Androgenética (AAG), e agora vamos dar continuidade ao tema, tendo como destaque como diagnosticamos e tratamos essa alopecia tão frequente.

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

A AAG masculina inicia-se frequentemente após a puberdade com recessão bitemporal simétrica (as “entradas”), evoluindo com acometimento do vértex (topo da cabeça).

A progressão é variável, sendo geralmente mais exuberante quanto mais cedo for o início. Sinais precoces de calvície podem ser vistos em até 14% de meninos entre 15 e 17 anos.

Em até 5% dos homens a calvície assume distribuição difusa, semelhantemente ao padrão feminino. Essa apresentação é mais comum em indivíduos asiáticos.

A princípio, as alterações clínicas que ocorreram durante a progressão da calvície masculina foram classificadas em 1951 por Hamilton e posteriormente modificadas por Norwood em 1975 (Figura 1).

Figura 1: Escala Hamilton – Norwood

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da AAG masculina é essencialmente clínico e mais fácil que na mulher.

Além de boa anamnese, onde não podemos deixar de questionar sobre variações de peso, uso de anabolizantes, hábitos alimentares, uso de produtos químicos, medicações, história familiar e comorbidades, por exemplo, é necessário fazer a tricoscopia, exame rápido, não invasivo, capaz de fornecer dados importantes para o diagnóstico e seguimento do tratamento.

Contudo, exames laboratoriais são feitos apenas para descarte de outros fatores associados.

TRATAMENTO

Os objetivos do tratamento da AAG são aumentar a cobertura do couro cabeludo e retardar a progressão da queda.

Sendo assim, medidas gerais são importantes para o sucesso terapêutico, como: exclusão do uso de medicações que podem causar Eflúvio telógeno (ET); dieta balanceada, com ingestão adequada de proteínas e ferro; tratamento de outras desordens do couro cabeludo, como a dermatite seborreica. O controle de peso em pacientes obesos reduz a transformação periférica dos androgênios, diminui a intolerância à glicose, aumenta SHBG (Proteína de ligação de hormônios sexuais) e reduz testosterona livre, melhorando o perfil hormonal.

No entanto, as medidas farmacológicas diferem entre os homens e as mulheres.

O tratamento clínico medicamentoso é essencial, e incluem medicamentos tópicos e orais, como o Minoxidil e Medicamentos Antiandrogênicos.

Minoxidil

Este medicamento pode ser administrado tanto por via tópica, como oral. Age aumentando a fase anágena e encurtando a fase telógena, tendo como o maior benefício, o aumento da densidade dos fios. Tanto a via tópica, como a oral, apresentam boas evidências científicas em eficácia e segurança. 

Medicamentos antiandrogênicos

Os medicamentos antiandrogênicos utilizados na AAG masculina são os Inibidores da 5α- redutase, que por sua vez, reduz a conversão periférica da testosterona em DHT (di-hidrotestosterona) e, consequentemente diminui a miniaturização dos fios. As drogas inibidoras da 5α- redutase utilizadas são: Finasterida e Dutasterida. Ambas têm boas evidências científicas tanto em eficácia, como em segurança.

Seja qual for a conduta clínica adotada, é necessário o uso crônico para resultados satisfatórios.

Além disso, hoje temos disponíveis procedimentos pouco invasivos que utilizam Técnicas de Drug Delivery, ou seja, técnicas que rompem a barreira cutânea e entrega um ativo(medicamento) na raiz do cabelo que estimulam mais vascularização local e ativação de fatores de crescimento, se tornando cada vez mais, tratamentos auxiliares promissores no tratamento da calvície. Entre estes se destacam: Microagulhamento (técnica com microagulhas); LLLT (Terapia com laser de baixa intensidade); MMP (Microinfusão de Medicamento na Pele – técnica com agulhas desenvolvida no Brasil com boa aplicação clínica e resultados); PRP (Plasma Rico em Plaquetas – técnica que utiliza soro autólogo contendo altas concentrações de plaquetas e fatores de crescimento ainda pouco utilizada no Brasil). E por fim, no local onde não houve sucesso terapêutico com o tratamento clínico e tecnologias associadas, é recomendado o transplante capilar, procedimento cirúrgico com técnicas aprimoradas e seguras.

Nenhuma delas restaura toda a perda capilar. Portanto, quanto mais precoce iniciar o tratamento, maior a chance de melhora, pois terá mais fios viáveis para recuperação.

Dra. Adriana Braz

RQE: 7585

Dermatologista SBD

 


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